Die brasilianische Schriftstellerin Carola Saavedra hat einen Besuch von "Brasiliana. Installationen von 1960 bis heute" in einen poetischen Rundgang durch die Ausstellung verwandelt.

BRASILIANA

CAROLA SAAVEDRA

Aus dem Portugiesischen von Maria Hummitzsch

1.

Zwischen vier Wänden, zirkulär, longitudinal, zwischen vier Wänden ein Nichts. Sie versinken, die Wände, unter der Wucht rumorender Schritte. Stauholz. Geräusche, Rhythmen um den Körper, um die Hängematte herum, ihr Schwingen am Ende des Nachmittags, ihr Flug der kurzen Unterbrechungen. Jemand legt sich hinein, schaukelt, jemand schläft tief im Kokon des Tages. Im Inneren der Regen, im Inneren ein Boot, ein Fluss, ein Zusammenströmen der Wasser, außen eine Hülle aus Holz, aus fließenden Lagen, herrscht, pfercht, zu den Füßen die sich auflösende Stadt, nur die geschlossenen Augen und ausufernde Ruhe. 

2.

Das Bild erstreckt sich über die Gänge, Seile, Perlen. Nur der Körper bleibt, Klänge, Enge, Wellen wogen, ein Körperfluss, ein Körperfloß, alles gibt es, alles und nichts, der Spiegel phantomgleicher Bilder. Fremde. Hüte. Kessel. Sporadisch das Bild, schmilzt, schwindet. Nur seine Reste, sein Raster zeigt Spuren in der Rundung der Landschaft, ein Boot flussauf flussab, ein floßbreiter Lächelmund mit Lippenstift, ein Mund ohne Lippenstift auf den Zähnen, ein Mund ohne Lippenstift auf den Zähnen rezitiert die Verfassung - tanzt. Jemand schaut sich um, gewundene Geographie, eingezogene Wände, Wände aus anderen Wänden, aus anderen Wänden, aus Wänden, enden in hängenden Matten, weiße Linien auf schwarzem Gesicht. 

3.

Lange Finger durchlöchern die leinenen Wände, lang gedehnt wie in ein Schwimmen. Nackt und allein, ein Mensch. Am Eingang. Am Anfang nichts, ein dunkles Zimmer nur, zwischen Wänden und Ballons luftig aufbewahrter Zauber. Waagen und waagerecht aufgespannte Bands und Banner, das Gewicht addierter Melodien. Melodien und tanzende Schritte, ohne Tanzschuhe, ohne Absätze, durch ein Labyrinth aufbewahrter Bahnen aus Stoff. Simulierte Geburten, Silhouetten und Seidenwaben, Lächeln und Luftballons dazu. Sie streifen die Schuhe von den Füßen, allein den Fußweg auf der anderen Straßenseite entlang.

4.

Kumin. Gewürze, Karavellen am Ende des Tages, Wege, Wagen mit Lasten. Nah am Herd ein Rufen, Schritte durch die Küche aus seltsamen inneren Organen, riesige Kupferkessel unter dem Herd, konkrete Dinge. Jemand sagt, Junge, komm schon her, oder, Junge, warte nur kurz, nun komm rein, was sagst du da? Jahre später, Kumin, Gewürze, die Farbe sonnengelber Karavellen. Die stummen Erinnerungen an die Gewürze auf hoher See, unterwegs, immer weiter nach Süden. 

5.

Das Zimmer ein Eingang, eine Brücke, ein Band, ausgedehnt über den Fußweg, im Eckzimmer einer einsamen Zeit. Farben, Fasching, Fleisch. Jemand zieht die Schuhe an, setzt den Hut auf, jemand rennt die Treppe hinunter, der Ausgang des Eingangs, da draußen die Straßen flussauf flussab, die Straßen in perfekten Quadraten, und der Körper in einer bodenlosen Begegnung. Drinnen die Kehrseite, draußen öffnet jemand die Augen und beginnt den Tag.

ÜBER DIE AUTORIN

Carola Saavedra, 1973 in Santiago (Chile) geboren und seit ihrem dritten Lebensjahr in Brasilien verwurzelt, Schriftstellerin und Übersetzerin, hat in Deutschland Kommunikationswissenschaft studiert und lebt heute in Rio de Janeiro. Mit "Toda Terça" (2007) gewann sie den "APCA-Preis" in der Kategorie "Bester Roman", für "Landschaft mit Dromedar" erhielt sie den "Rachel-de-Queiroz-Preis" und war unter den Finalisten für die renommierten Literaturpreise "Jabuti" und "São Paulo de Literatura".

Ihr Roman "Landschaft mit Dromedar" ist 2013 in deutscher Übersetzung im Verlag C.H. Beck erschienen.

TEXTO EM PORTUGUÊS

BRASILIANA

CAROLA SAAVEDRA

1.

Entre as quatro paredes, circulares, longitudinais, entre as quatro paredes não há nada. As paredes afundam sob o peso dos estalos. Esteiras. Ruídos, ritmos, junto à rede, junto ao corpo, seu vai e vem de fim de tarde, seu voo de pequenas interrupções. Alguém se deita, alguém balança, alguém dorme profundamente no casulo do dia. Lá dentro chove, lá dentro um barco, um rio, um encontro das águas, lá fora, um invólucro de madeira, de tábuas corridas, reinante, rangente, sob seus pés a cidade se dissolve, apenas os olhos fechados e o silêncio.

2.

A imagem se estende pelos corredores, cordas, miçangas. Apenas o corpo continua, estertores, suores, ondulações, um corpo-rio, um corpo-riso, há tudo e não há nada, o espelho de retratos-falados. Estrangeiros. Chapéus. Caldeirões. A imagem intermitente, a imagem se desfaz, derrete. Apenas seus restos, seus rastros na curva da paisagem, um barco rio acima, rio abaixo, o riso de uma boca de batom, uma boca sem dentes de batom, uma boca sem dentes de batom recita a constituição, dança. Alguém caminha, estranha geografia, tapumes, as paredes feitas de outras paredes, feitas de outras paredes, de outras paredes, redes, linhas em branco sobre um rosto negro. 

3.

Longos dedos furam as telas, se esticam em natação. Alguém está nu, alguém está só. Na entrada. No início não há nada, apenas um quarto escuro, encantos guardados entre paredes e balões. Balanças, bandas, bandeiras, o peso de todas as melodias. O peso dos passos de dança, sem sapatos, sem saltos nos sapatos, um labirinto. Nascimentos inventados, silhuetas, sedas, sorrisos, balões. Deslizam os sapatos, sós pelas calçadas do outro lado da rua. 

4.

Cominho. Especiarias, caravelas no fim do dia, caminhos, caminhões. Junto ao fogão, alguém chama, alguém atravessa a cozinha de estranhas vísceras, enormes caçarolas de cobre sob o fogão, coisas concretas. Alguém diz, menino, venha já aqui, ou, menino, espere só um pouquinho, agora entre, o que você diz? Anos depois, cominho, especiarias, o tom amarelo-ensolarado caravelas. As lembranças sem palavras das especiarias, em alto mar, cada vez mais, ao sul, caminha.

5.

A sala é uma entrada, a sala é uma ponte, uma esteira que se estende na calçada, na sala esquina de um tempo só. Cores, carnes, carnavais. Alguém calça os sapatos, coloca o chapéu, alguém desce correndo as escadas, a saída da entrada, lá fora, as ruas rio acima rio abaixo, as ruas em perfeitos quadrados, e o corpo num encontro sem chão. Lá dentro, o avesso, lá fora alguém abre os olhos e começa o dia.

SOBRE O AUTOR

Carola Saavedra nasceu no Chile, em 1973, e mudou-se para o Brasil com três anos de idade. Morou na Espanha, na França e na Alemanha, onde concluiu um mestrado em Comunicação. Vive no Rio de Janeiro. É autora dos romances Toda terça (Companhia das Letras, 2007), Flores azuis (Companhia das Letras, 2008; eleito melhor romance pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti), e Paisagem com dromedário (Companhia das Letras, 2010, Prêmio Rachel de Queiroz na categoria jovem autor, finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti). Seus livros estão sendo traduzidos para o inglês, francês, espanhol e alemão. Está entre os vinte melhores jovens escritores brasileiros escolhidos pela revista Granta.